Enigma


Acordei, encarei o mundo. Cogitei seriamente desistir de momentos e pessoas. Realidade falsa na próxima esquina, perspicácia insiste por outro caminho; o relento congelando meu sangue e a mente fluindo em qualquer lugar. Quis dormir mais uma vez, quis sonhar.

Dormi sonhando. Eu vivo a noite dessa vez noutro lugar. Minhas pálpebras estão leves, consigo sentir meu corpo em acalento a respiração ofegante e certo enigma me servindo de morada. De olhos fechados estou enxergando você e o sinto próximo, sinto a carne quente, intimamente proibido e adorável.

Meu peito está latejando, você está vindo em direção a mim, com um sorriso absurdamente iluminado no obliquo de sua face, seu olhar prepotente direto me encabula e relativamente fico frágil necessitando de um toque teu fortalecedor. Seqüencialmente entrelaçaste sua mão na minha, me fazendo sentir cabal, fixa, em casa.

Eu não vou acordar. E ao longe, poucos passos distante, eu memorizei singelamente cada movimento seu, atentei cada gesto, e em exato eu tive certeza de que havia encontrado tudo que precisava, estava claro. E o desejo eloqüente de não nos desvencilharmos, olhar para o lado e ver que estávamos vivendo mesmo aquilo, alívio contente.
Acordei, encarei o mundo. Sonoridade real dessa vez. Calhei receosa uma olhadela ao lado e veja só, lá estava você. Pele clara, semblante aparentemente estável, e o sorriso indispensável...

Não espero demais de você, apenas o que eu preciso.