Nostalgia

Na noite em que fui mais feliz, eu tive uma certeza: Era você.

Enquanto o tempo a nossa volta era quase glacial, você apenas sorriu e o brilho que emanou teus olhos, me aqueceu. Em exato, me embriaguei de você. Nessa ‘contrapartida’ pude sentir meu peito em ascensão, estava à minha frente o semblante mais belo e real que pude conhecer, e você sorriu mais uma vez, estremeci e seguidamente senti meu corpo torso. Por alguns segundos pensei ter 12 anos de novo, com o coração puro. Eu pude me submeter a estar ao seu lado, todas as manhãs, tardes e noites que a vida nos propôs. Senti necessidade do prazer de estar contigo, quase pude quantificar às vezes em que te senti próximo realmente. Dizer “eu te amo” para nós suava simples, pois chegamos a crer que ele existia.

Na noite em que fui menos feliz, eu tive uma certeza: Ainda era você.

Na cabeceira ao lado da cama, havia um papel dobrado debaixo da xícara. Onde dizia: “Querida, nós construímos uma história juntos, eu construí minha vida e foi você quem protagonizou a minha novela. Eu te amei. Eu encarecidamente te amei. Mas hoje, por tudo o que vivi e tudo o que assisti e ouvi por alto, notei que o que queria para mim, ainda não era o que eu tinha em mãos. Perdoa-me por ser tão covarde e frio. Nunca mereci você, você nunca pertenceu a mim. Só não duvide, eu ainda te amo, ardentemente. Apenas estou te deixando livre, estou de dando a liberdade de viver uma nova estória ou história. Conhecer gente nova, viver uma vida de verdade. Estou de partida. Peço-te, não me procure, não queira saber de mim. Adeus.”

Em exato senti meu corpo paralisar. Minha mente estava entrelaçada, meu coração sangrava, eu conseguia ouvir meus batimentos, eu chorava. Eu sentei e chorei, como uma criança de 12 anos. Um punhado de sentimentos chegou até mim. A dor era cada vez mais profunda densa. Não conseguia, eu não podia acreditar que aquele era o fim, como dar adeus sem emitir uma palavra sequer? Eu não disse adeus, eu nem tive a chance de me despedir. Deus, clamei, implorei por outra chance... Mas o que eu poderia fazer? Se o fim foi decretado e o que aprofundava com mais extensão a circunstância era a dor na alma, a falta. Deitei chorando.

Na noite em que fui ainda menos feliz, eu tive uma certeza: Eu não tinha mais você.

O que sobrou: Fotos, cartas, juras não terminadas, lembranças. Teu cheiro com o passar dos dias sumia dos meus lençóis, no meu guarda roupa não tinha mais tuas peças e nem seus calçados. Eu estava sendo obrigada a esquecer-te. Estava sendo sacrificada. A dor? Extensa a cada dia. Minha cabeça? Caindo em redenção. Meu coração? Tentando suprir você. Mas eu gritava calada, a inquietação tornava-se constante em meu peito, eu não aceitava, não queria aceitar que estava sem você. Mas os dias estavam sendo ruins, acabando comigo. Que tola sou, eu não ia ter você de volta, eu não mais teria notícias sobre você, você estava morto, de certa forma, você foi enterrado.

Na noite em que fui menos infeliz, eu tive uma certeza: Eu ia superar você.

“Eu te amo” deixei escrito atrás do nosso retrato e guardei, piamente. Eu ia viver, e começando por você. Sim, por você. Eu jamais irei te esquecer, me contentei. Estou lhe superando, não esquecendo-te. Vou me apaixonar de novo, quero crer nisso, esse é o meu prefácio. Vou dispor a minha alma, meu coração. Seguirei, trilharei meu caminho. E o que resume essa história? Você vai amar, se machucará, sofrerás. Será sempre assim. Vamos morrer, estamos morrendo. Quer motivo maior pra correr atrás dos teus objetivos, antes disso, teus sentimentos? Eu não.

Cazuza e Marina Lima - Preciso Dizer Que Te Amo