Beira – não.

300 mil metros de altitude, coração na ponta da língua, suor assíduo nas mãos. Assim me sinto prestes a cair da ponta de um precipício. Me pergunto por quê é sempre necessário chegarmos até aqui pra poder enxergar o quão enorme tem sido a burrada que fizemos durante o ano, o quanto demorei pra ter a noção de que a realidade dês - prazerosa é na verdade o dês-prazer no qual devemos doar mais cuidado e pretensão. Estou na beira, redenção berrando, ecoando o espaço.

Digamos que não deixei de aprender, e logicamente, vivenciei momentos ótimos e marcantes. Acrescentei conhecimentos, cravei amor. Não foi um tempo tenebroso, nem extremamente angustioso. Foi um ano de perguntas – não respondidas, de coisas não feitas, preguiça desenvolvidamente extensa, falta, é... Falta. O lugar onde estou mentalmente é alto, é vazio. Onde passando aos meus olhos um filme derivado, vejo nervosismo, menos força de vontade, desânimo. Seguir-se disso, o resultado é esse, o precipício.

E aí, chegamos a revira-volta. Não vou cair. Cá, entrevejo milhares de motivos para não me permitir a queda. Reencontro o que fui e faço esforço para tornar-me melhor. Me refaço, reconstruo meu futuro peculiar. Eu já toquei de “cara” o chão, me feri de todas as maneiras que você conseguira imaginar. Mas três ou dez esquinas a frente do meu caminho, me reinventei, mantive a dignidade e a força. Fui eu. De um jeito ou de outro.

Dessa vez não verás o meu corpo estilhaçado (in)visivelmente ao chão. Meus tímpanos estouram minha empolgação magnânima diligente. Estou crendo mais em me - ser. Acerbos alheios não vão diferir o meu crer em meu potencial. Sempre fiz parte da minha história, só que a partir de agora, estou declaradamente protagonizando-a. “Quem acredita sempre alcança” já dizia Renato Russo. Frase aparentemente clichê? Mas a vida é um clichê (confirmado).

Sem desvio, apenas dando um passo à diante.